24 abril, 2007

05 abril, 2007

existe uma coisa loucoa nessa história de encontrar as pessoas na internet. ao lado de muita gente bacana (que me acompanha há muitos anos), rola também encontrar pessoas que, não conquistando seus anseios e fantasias, mudam, tornam-se inimigas, abaixam o nível, partem par ataques pessoais. é o que eu digo: como a vida, a internet pode ser barra pesada.

27 março, 2007

18 março, 2007

Aaeb


Ele se chama Aaeb. Viajante novo messe percurso estranho, entusiasmado por possibilidades tolinhas, como o dom de voar ou digerir bibliotecas inteiras em poucos minutos, me deixei levar por visuais incríveis de um mundo de prevalência de cores não usuais. procurei alguma coisa assim na literatura fantástica, mas vi muito pouca coisa, mais nos espanhóis e, curiosamente, nos de língua hispânica. mas, como disse, por desconhecer essa história toda, cometi erros primários.

no meio dessa madrugada tive um sonho estranho, em tons de rósa e púrpura, com castelos, cavalos e possíveis reinados. depois, em cenas de um preto e branco tão vívido e luminoso que quase não posso olhar, veio a sequência da cadeira. e, entendi por fim, que estava numa sala pequena e suja de uma dependência correcional. primeiro achei que estava preso, mas logo entendi que tinha sido convidado àquele lugar para prestar depoimentos e ouvir o que Aaeb tinha feito nas horas anteriores. confesso que me lebrei dos jogos de RPG que visitei e abandonei por considerá-los muito fracos)

a cabeça ainda confusa por um certo torpor alcoólico resistiu, impondo uma não clareza que me impedia de perceber. o homem à minha frente, magérrimo, bigodinho fino, óculos escuros de camelô e um cigarrinho fedorento e sem filtro, com uma pasta cheia de documentos datilografados, me explicava primeiro calma e indolentemente o que eu fazia ali. entretanto ele achou que minha incapacidade de apreender os fatos estava ligada a uma certa malandragem (com a qual ele estava tão acostumado a lidar) e isso foi minando sua parca paciência.

- Aaeb está preso porque, embriagado numa casa noturna, agrediu 3 policiais que tentavam colocá-lo para fora. depois, na companhia de uma moça de não mais que 14 anos, incomodou os moradores de um pequeno prédio no subúrbio com os gritos que ambos davam durante um coito desesperado. Fomos chamados e ele não se entregou pacificamente, sendo necessário 6 homens para imobilizá-lo. Ele estava drogado e lutava por 3. Para completar, diante a visão dele subjugado, a menina cortou um dos pulsos, obrigando-nos ainda a socorrê-la.

Sim, eu entendia toda a narrativa, queria saber é porque eu estava ali, naquele momento, no meio da madrugada. o que eu tinha a ver com atitudes de pessoas meio vândalas pela cidade. afinal, não conheço ninguém que tenha esses comportamentos e se conheço, elas não me dão mostras de serem assim. então... por que eu?

- Porque Aaeb é o senhor - respondeu irritado o franzino escrivão.
não demorou muito para que eu começasse a entender a história toda, ainda que não concordasse com o rumo que as coisas tomavam, isso não fazia parte do meu jogo.
assinei por fim, 8 folhas de papel em que assumia a responsabilidade pelo que viesse a acontecer depois e recebi um cd room, com as informações adcionais que eu teria que tomar conhecimento e mesmo estudar, ao nascer do sol (hoje).

depois de rodar o cd em minha máquina, pela manhã, percebi que não me mostraram todas as regras. eu sequer registrei aaeb, dando-lhe esse nome (que ele mesmo escolheu para si) e tampouco tive a noção exata que nossos tempos são diferentes e que ele continua agindo enquanto eu durmo porque o programa não roda no meu pc (está baixado nele), roda naquele mundo e não neste.

enquanto lia o jornal, pensei que esse jogo não tinha nada de novo, que baudrillard falou dele em 81 e vinte anos depois a trilogia matrix levou às telas, essa história, essa possibilidade, o que foi encarado por todos como ficção. todos não. eu conheço uma menina que, desde o primeiro episódio do matrix, me alertou que aquilo era verdade. quase dez anos depois a coisa se apresenta a mim e eu resolvo jogar, mas estou bloqueado a entender o real significado dessa possibilidade.

dou uma olhadela em alguns livros e, surpreso, encontro em Paidéia e suas mitologias e histórias truncadas, sua forma erudita de confundir e ser maçante, sim, lá encontro pistas esparsas de como a formação se dá, como os homens se misturam em paralelos que não têm conotação lógica sob um olhar mais desavisado. telefonei hoje de manhã para sílvia, professora de mitologia grega para tirar algumas duvidas, mas logo percebi que ela responde mecanicamente, academicamente, a questões que estão postas no meu dia a dia.

essa é uma longa história que vou tentar contar por aqui....

16 março, 2007

meu avatar tem um cabelo mais ou menos longo e azul. como eu, usa óculos e tem por ocupação colecionar livros exóticos, desses que se encontram em feiras livres em cidades remotas da turquia. lá, eu posso transitar por esses lugares sem maiores esforços até porque, embora as doenças sejam mais ou menos as mesmas que as daqui, existem as pílulas azuis, verdes e vermelhas que resolvem, definitivamente, os problemas.

minha mulher é professora de literatura. ela nega, mas tem uma certa preferência pela literatura americana contemporânea. trata esses autores modernos com desenvoltura e gosta de comentar comigo suas últimas incursões nessa área. vez por outra assisto suas aulas e vejo jovens avatares se entusiasmando com a fala dela, contaminados pelo seu entusiasmo.

15 março, 2007

a menina dos espelhos

recebi um email muito interessante de uma menina falando da sua experiência nesses jogos. ela joga pesado, trabalha e namora numa determinada cidade virtual. é uma streeper (não sei como se escreve). ganha bem. pretendia comprar um apartamento num ponto bacana dessa cidade, mas acabou de ter uma reviravolta na sua vida.

arranjou um namorado que logo tornou-se seu noivo. ele tem um sentimento muito forte de posse e proibiu essa menina de continuar se apresentando com seus números eróticos. parece que ela ficou meio baqueada. comeceu a gastar suas economias. e é curioso porque além de tudo isso acontecer numa mundo virtual, ela em determinado momento consegue juntar dinheiro e em outros, fica completamente dura.

ela relacionou a sua vida, dita real, com a do seu avatar porque forneceu o número do seu cartão de crédito quando entrou no jogo e o que ganha lá, reflete aqui e o que perde lá, é prejuízo financeiro aqui. enfim, o que vale mesmo é a sua vida lá, on line, como ela explica e não essa daqui.

o que começou a criar um certo desequilíbrio nela é que lá, seu avatar começou a trabalhar com novas tecnologias e está agora trabalhando numa espécie de laboratório de jogos que permitiram a ela entrar num mundo virtual à partir de lá. bem entendido que o avatar que está lá, criou por sua vez um avatar para um outro passo no virtual. se olharmos do ponto de vista daqui, de fora dos computadores veremos que ela tem uma vida paralela virtual e que essa vida, por sua vez, criou uma outra vida virtual.

ela me explica que às vezes fica meio perdida e me pergunta algumas coisas. conforme já escrevi inúmeras vezes aqui, explico à minha confidente que não há nada de errado, que borges por exemplo, conseguiu conviver perfeitamente com seu mundo de encantamentos e sonhos e sociedades em dimensões paralelas. a possibilidade de vivermos em outras possibilidades e recriarmos a nós mesmos e a mundos ao nosso bel prazer, não importanto se o céu é verde ou se o mar existe em suspenso, entre o chão e as nuvens.

tudo é possível porque não somos pessoas como acreditamos mediocremente e sim, cérebros com possibilidades infinitas de alterar a vida, recriar, mudar, desfazer e fazer novamente. a mulher azul é tão normal quanto a loura, é apenas uma questão de dar uma certa paz a nossa capacidade de nos recriarmos (e à tudo) vivendo simultaneamente em vários mundos.

sugeri por fim a essa menina, que instale um grande espelho em frente ao monitor do seu computador e que olhe apenas para o espelho e jamais para a tela do monitor... assim, expliquei o que ela está vendo não é o que é e sim um reflexo do que ela recriou, fazendo com que nada seja nada no final das contas. acho que é isso. precisamos desconstruir a vida para recontruí-la de forma saudável, ainda que não compreendida pela maioria das pessoas.

13 março, 2007

passei algumas horas conversando com um amigo sobre a questão da virtualidade e, mais específicamente, da minha virtualidade. estávamos falando de Sim City e Matrix e da realidade que vivenciamos na internet que é mal compreendida por um olhar menos atento do projeto de vida inteiro. não dá explicar num dia só. e começamos a concluir que a rede de pessoas e situações, bem como informações e vivências na internet ocupam um espaço cada vez maior do nosso tempo/vida porque, através de vários mecanismos e avatares diversos vivenciamos em mais de um mundo.

na verdade isso é ancestral se percebermos toda a lenda que cerca a história da humanidade (como a mitologia grega e outras, por exemplo.) o que foi mudando apenas foram os mecanismos de transmissões de saberes e troca de informações, agora nesse estágio de sociedade em rede.
bom, chegou-se a nós uma outra pessoa comentando uma reportagem do Jb de domingo com uma matéria sobre um game (sempre eles) que toma força. então é o seguinte... vou transcrever uma teoria descrita num site. não é uma idéia conclusiva, não é uma tese: é material que servirá de fundamento para uma teoria que desenvolverei (para os interessados) futuramente

"O Second Life é um simulador da vida real, em um mundo virtual totalmente 3D, onde os limites de interação com o game vão além da sua criatividade. Nele, além de interagir com jogadores de todo o mundo em tempo real, é possível também criar seus próprios objetos, negócios e até mesmo personalizar completamente seu avatar, tudo em modelagem 3D.A SUA SEGUNDA VIDAO fundamento do jogo está em incentivar cada jogador a encontrar um meio de sobreviver, aprendendo e desenvolvendo atividades lucrativas, as quais irão refletir diretamente em seu poder aquisitivo dentro do jogo. O Second Life possui sua própria moeda, o Linden dollar (L$), que pode ser convertida em dólares verdadeiros, respeitando a sua cotação no dia corrente. Seguir uma carreira de sucesso no jogo atingirá diretamente a sua vida real!Há inúmeras maneiras de se obter uma fonte de renda: você pode criar objetos, construir imóveis, desenvolver acessórios para os avatares e muito mais. O ponto forte do jogo está em possibilitar que cada jogador desenvolva atividades com as quais tenha mais afinidade, sendo assim, o sucesso virá da criatividade e perspicácia de cada um.O Personagem:O seu personagem é representado por um avatar, totalmente modificável através da modelagem 3D, permitindo que você o crie com aspectos físicos muito próximos dos seus ou qualquer outro padrão de beleza que lhe satisfaça. As modificações são inúmeras e cada parte do corpo possui diversas características para serem modeladas. Para deixar o seu personagem ainda mais próximo do seu estilo, é possível modificar, comprar e até mesmo criar as roupas dele. Além disso, pode-se importar imagens, criando a liberdade de personalização completa de qualquer objeto, como as roupas, por exemplo. Lembre-se que a maioria dos objetos do jogo foram criados pelos próprios jogadores, portanto, expressar a sua criatividade é algo muito importante.O OUTRO MUNDOJogar Second Life é como viver em outra vida, porém virtualmente. A liberdade que o jogo lhe dá é incrível, permitindo que você trace uma vida paralela à vida real, concretizando e realizando seus planos até então impossíveis de serem atingidos em nosso mundo. O cenário do jogo é em terceira dimensão e completamente interativo, onde qualquer objeto encontrado em sua jornada viabilizará a sua interação conforme sua respectiva função.Seus cenários são baseados em uma típica ilha tropical, cercada por centenas de ilhotas. Mas não se preocupe com distâncias: neste mundo você pode voar e se teletransportar! Durante o jogo, há dois mapas disponíveis para ajudá-lo em sua localização: um mini mapa que representa a região onde você está e o próprio mapa, onde você visualiza o mundo por completo.Interagindo com Outros Jogadores:O jogo pode ser entendido como uma mistura de realidade virtual com site de relacionamentos. Usuários de todo o mundo conectam e comunicam-se entre si dentro do game, o que torna possível a relização de atividades em grupo. Além disso, os jogadores poderão compartilhar suas experiências e construir bens em conjunto."

Bom, isso é um resumo do resumo da história toda. Mais pode ser encontrado em
http://baixaki.ig.com.br/download/Second-Life.htm
ou no site americano, no original.
Depois eu vou explicar como essas coisas todas se interligam não somente na minha cabeça como pode-se imaginar numa visão imediatista, mas num todo que, muitas vezes não nos damos conta de como estamos envolvidos.
calma, calma... eu venho já já aqui..... tenho que contar umas coisas de dentro do muro que é onde estou realmente. não um muro de tijolos, mas algo mais consistente, mais completo. porque assim, tem que lembrar blade runner, matrix e dar um pouco de asa à imaginação para jogar esse jogo sem se ferir. o que não é um jogo, afinal de contas?

portanto o que eu posso fazer é ensinar as regras do jogo vida para quem ainda, eventualmente, não conhece. meu filho, com poucos anos de idade já jogava sim city. um joguinho que ensina cidadania, que tem vários níveis, proporcionais à cognição própria das idades. ele nos prepara para a vida adulta quando, quem perde o jogo, morre de verdade.
mas eu explico melhor depois
aconteceu um problema de edição.... dou um pulo no tempo e volto pra explicar porque o guardanapo de papel, o confissões do sobretudo e o sobretudo de lona não dão conta o que eu queria fazer entender.

nada garante que aqui dê algum resultado, mas aqui eu estou encarcerado, impedido de fazer mal às pessoas

26 fevereiro, 2007

estou desde quatro e meia da manhã debruçado sobre o word finalizando o texto que será lido e comentado hoje na comissão de ética e estética da qual me desliguei esses dias. não por nada de especial como pode parecer, mas porque resolvi dar um basta a esses encontros que pretendem discutir idéias e saberes. quando eu trabalhava na multirio tinha que ir a muitos... era um saco.

agora estou independente, falo só com quem eu quero falar (quase ninguém). a rapaziada que trabalha mais próxima a mim fez lá as suas considerações para que eu mudasse de opinião. bobagem. forneci a eles, generosamente, esses meus espaços aqui na rede onde publico eventualmente alguma coisa do interesse deles.

como o exemplo da mudança na cor da gelatina de fundo do cenário da larissa que foi provocado por uma menina, aspirante a estagiária. recebi hoje outro e.mail seu, ainda assustado com a repercussão da minha atitude... tem uma corrente lá que é contra mudanças e, no máximo, aceitaria uma guinada minha, sozinho, jamais influenciado por uma menina que não sabe nada.

pois quebraram a cara. já faz muito tempo que desci do pedestal, olimpo onde apenas eu sei exatamente o que é melhor nessa área. não... eu quero que todo mundo dê palpite, todo mundo fale à vontade. mas é claro também que não sou um assembleísta, ao contrário, um ditador.
essa história da minha atração pela ditadura sofreu muitos reveses e mudanças ao longo dos anos. antes, eu escolhia até a cor da calcinha que a minha mulher tinha que usar..rs

depois, fiquei tirano no trabalho o que me rendeu uma quantidade tão grande, uma lista tão comprida de inimigos que hoje me valho apenas do meu talento, que não é pouco, mas nunca da cooperação de outros no processo criativo. agora estou num meio termo: não me dou com todo mundo, falo com poucos e ouço ninguém... daí o susto com a aceitação da proposta da menina. só que ela tinha razão e eu não sou burro.
ou por outra: um espaço constante para uso e aplicações, uma bula. poderia fazer por e.mail, mas ele é fugaz. parece então a maneira de estar sempre nu, com as roupas adequadas ao isolamento, que seja. mas onde não fiquem dúvidas como que mediado por um psicanalista-deus, desses que não permitem que nada passe.
não vai com isso mudar nada. o que tinha para mudar já mudou e já dei a volta ao mundo -meu - mais de uma vez. agora está sedimentado: eu sou o recorte no monitor onde se debatem idéias ou não, onde apenas eu fico falando sozinho para um leitor inexiste como um dramaturgo louco.
a coisa toda surgiu assim, como eu disse aí ao lado. foi a necessidade de mostrar que estou do outro lado, que não sou eu e sim outro, o Sobretudo, quem realmente conta lá suas historinhas.